Sou eu, a lenda que atravessou o mar
O brilho do cruzeiro a me guiar
Ao deslumbrante paraíso
Sou eu, o reluzente eldorado
De fauna e flora, cobiçado
Do ardil hilário o sorriso
Nas Minas não vi o ouro
O meu tesouro, cadê? Sumiu?
Em cada conto aumento um ponto
Sou um lugar de histórias mil
Tupiniquins, tupinambás e potiguaras
Tamoios, caetés e tabajaras
É banto, é congo, é de Angola
Somos da tribo quilombola
Que segue aguerrida
Mas sempre esquecida
Por quem tem poder
Montando em cabrestos
Matando direitos de quem quer viver
O homem de terno, pregando mentira
Desperta a ira em nome da fé
Pois é, na crise nossa
Gente acende vela
Pra santo que nem olha pra favela
E brinca com direito social
Ó mãe, o morro é o retrato do passado
Legado de um mito mal contado
Vigário, teu protesto é Carnaval
Se um dia eu menti, perdão!
A Justiça será verdade?
Vem pra rua cantar, Brasil
Mostra a farsa pra quem não viu